Falo da etiqueta literal das roupas, aquele pedaço de tecido que identifica o objeto no mundo e diz de onde veio, suas características físicas, composição, preferencias. Sou alérgica. A todas. No inicio pode nem incomodar, alguma lavagem depois, começo a sentir umas picadelas. Se o contato se mantém, a piora é gradual e se torna um prurido insuportável até virar uma irritação tremenda na pele adjacente. Não importam a marca, o preço, a cor nem o tamanho. Minha pele é mais democrática que muitos países ditos civilizados.
Logo que compro uma roupa, depois de retirar o preço, é já rotina retirar as etiquetas que tem se tornado cada vez em maior número, maiores, com muita informação, muitas vezes inútil! Pior que bula de remédio! Vai dizer, pra que uma etiqueta a dizer: "keep away from the fire"???
Como a Europa, o mundo querem se padronizar, surgem regras de comercio absolutamente bizarras que devem exigir especificar isto entre outras coisas.
Não que não devam existir. É conveniente saber o tamanho, procedência, material com o qual é feita e como devo tratá-la, para que o investimento nela não se perca tão rápido. Espere, mas e as celebradas fast fashion? Roupa não é mais para durar anos a fio... É para estarem sintonizadas com a moda neste momento. Quando este momento passa, ela perde sua função. Torna-se descartável. Desperdício sem tamanho. Sou descendente de japoneses e uma palavra muito pesada para nós é "motainai" um tipo de "que desperdício!" é uma herança do pós guerra, em que às vezes o que se conseguia para comer eram alguns magros grãos de arroz e eram comidos cerimoniosamente, com gratidão, esperança de tempos melhores. Estresse grau 4 cronico. Ainda hoje é pronunciada com o mesmo peso... Não conseguimos deixar de visualizar criancinhas sem comida na África fazendo contraste como desperdício que estamos cometendo.
Compro roupa porque preciso. Não gosto de desperdícios. Gosto de roupas boas e bem cortadas e de me vestir bem. Até gosto de estar com algo na moda se ela me agradar e ficar bem no meu padrão. Gosto de roupas de boas marcas, elas são boas para a auto-estima e duram bastante. Gosto de algumas fast fashion porque é bom inovar e ousar e nada como ousar sem gastar o fundo todo.
Como Consumidor que começa a se preocupar com o mundo, além de todas as especificações citadas nas malditas e quilometricas etiquetas, em vez de "keep away from the fire" queria ver escrito "produção e distribuição sustentáveis", "somos contra a produção por meio da escravidão", em etiquetas que não me dessem alergia na pele, não me tratassem como idiota piromaniaco. De todas as marcas. Por enquanto, tirando a H&M e algumas linhas da C&A, que se preocupam em por etiquetas compatíveis com a pele humana, as outras tantas, não importa o quanto você pague, tem etiquetas horrorosas, não é Zara, Mango, Ralph Lauren, Carolina Herrera, Puma, Nike, Adidas e a pior: Benneton, que cose as etiquetas mesmo de bebês com um estúpido fio de nylon! Só te digo: esse peixe protesta!
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
O direito de se desenvolver. É o bastante a licença maternidade, paternidade e amamentação?
A Licença Maternidade foi uma grande vitória para as trabalhadoras, tanto quanto o direito feminino ao voto e outras conquistas femininas, não feministas. Femininas porque direta e indiretamente são beneficiados muitos outros indivíduos e a coletividade. A conquista da licença paternidade é outra história, mais tímida.
Vou expor algumas realidades, sem citar artigos, leis ou ser muito literal. E vou analisar (dar pitaco, opinião):
Recentemente no Brasil, foi aumentada de 4 para 6 meses; primeiramente na função pública e para os restantes, o Governo precisa ceder em agrados às empresas para que seja alargada em vários setores. O pai tem direito a míseros 5 dias. Será um incentivo ao parto normal, porque após uma cesárea se a mulher precisar de ajuda além de 1 semana, que arranje outra pessoa. Recentemente houve o caso de um jovem viúvo, recém pai, perdeu a esposa logo após ela ter tido a criança. Teve que brigar nos tribunais pela licença paternidade para equipará-la ao mesmo tempo da licença maternidade para cuidar da criança. Que bom que brigou! Que mal que teve que brigar! Algo tão óbvio como quem vai cuidar da criança, não está contemplada pela Constituição... isso precisa ser revisto urgentemente. Após há a redução de 2 horas diárias para ajudar na amamentação, prerrogativas sobre creches em local próximo ou junto ao local de trabalho e outras facilidades na tentativa de ajudar a mãe a manter a amamentação, mas fraquejam na aplicação real.
Em Portugal, existem várias "opções" para o plano da licença parental: da mãe a 4 meses com 100%, 5 meses a 80% e compartilhada com o pai. Este tem uma licença de 10 dias úteis iniciais obrigatórios e depois quase 30 dias a ser tirado após o retorno da mãe ao trabalho em esquemas variáveis... no fim é possível ficar com a criança 6 meses em casa, com um certo prejuízo na renda nesse caso. É concedido à mãe que amamenta 1 ano de redução de 2 horas diárias. Pode-se prorrogar por mais 1 ano esse período, desde que seja comprovada a amamentação. É exigida uma declaração do pediatra todos os meses ou a cada 3 meses a atestar a amamentação. Pode ser concedida uma redução para aleitamento, que difere da amamentação, caso a criança não seja amamentada; o pai por exemplo pode tirar esse tipo de licença. Uma preocupação carinhosa com as crianças.
Na Holanda, a Licença é de 4 meses. Enfermeiras são designadas para ajudar a mãe nos cuidados com a criança. Estas enfermeiras estão presentes também na França e na Inglaterra. Certamente também nos países que tem uma preocupação social e baixa natalidade.
Na Alemanha a Licença é de 1 ano; há programas para ajuda às mães, aulas para natação de bebês, ioga e outras atividades ocupacionais para mães e filhos.
As diversas formas de concessão da licença visam o bem-estar do bebê.
Em parte. Falta muito ainda para as sociedades se tornarem maduras para o tema. Uma "preocupação" é o afastamento da mulher do mercado de trabalho, sua desatualização e outras conversinhas. A "preocupação" com a perda do trabalhador, de uma peça da engrenagem é própria de sociedades imediatistas, com grande parcela da população jovem ou adulta-jovem.
Em países com baixa natalidade, há olhos mais "carinhosos" para tratar do assunto. Também pecam. 4 meses não é um tempo adequado para as mães deixarem os filhos. O bebê humano nasce extremamente indefeso e dependente. Leva aproximadamente 1 ano para conseguir dar os primeiros passos. Evolutivamente fomos desenhados assim. Então onde são deixados esses seres? Outros membros da família como avós, para quem os tem? Mas espere, a maioria não está mais aposentada! Estendeu-se o período de trabalho... E se já não trabalham, tem condições de saúde para cuidar dos netos? Creches? Em Portugal são insuficientes, tem que ter "incentivo"-$- do governo para continuarem a existir, há filas enormes de espera. Algumas mulheres tem que se inscrever para essas creches assim que engravida! Em contrapartida, o desempregado é mantido até 2 anos com sua renda-desemprego e ninguém tem sequer vergonha de dizer que está desempregado, já que o país está em crise... Alô! A pior crise é a moral! Na Holanda as creches são tão caras que compensa um dos pais parar ou trabalhar a meio período. Em Portugal, os trabalhadores são cobrados a trabalharem mais horas e esquecem a eficiência, há desincentivo a trabalhos Part time. No Brasil, famílias que podem, contratam a alma de uma babá e a levam a tiracolo junto com os filhos. Desaprenderam, ou nunca souberam cuidar dos filhos. Quando estão com eles, os mimam, não dizem não e deseducam o que podem.
O contato do bebê com a mãe, como fica então? Quem mora longe do local de trabalho, da creche? O que se faz contra os mitos que assombram a amamentação? Aquelas malditas vizinhas palpiteiras de plantão? Há estudos que demonstram ser imprescindível para o desenvolvimento saudável do filhote humano o contato com seus pais, que haja equilíbrio nesses e a convivência reforça traços afetivos saudáveis. Nos EUA, onde mulheres que amamentam em público chegam a ser presas por ofensa a falsa moral da sociedade, abastece uma horda de sociopatas.
As famílias tem componentes chefes, pai, mãe, avós que trabalham cada vez mais. Quem educa as crianças? Não digo alfabetizar, que é em geral, na escola, a pergunta é: quem educa as crianças?
É mais fácil gostar do que é perfeito...
Estive refletindo a respeito de patriotismo... será que só eu acho uma perda de tempo? Já me explico: por milênios, defender as fronteiras era defender seus próprios interesses, a família, seu agrupamento, sua economia, sua cultura para que continuassem a existir. A sociedade dependia disso para manter o Estado e isso mantinha todo o status quo. E hoje? Com a idéia de globalização, facilitar o trânsito de pessoas, capitais e produtos, faz sentido o patriotismo? Nossos governos facilitam o tal trânsito para manter a economia razoavelmente saudável. E já que se abolem as fronteiras, porque continuamos a manter os Estados? São os Estados que protegem nossa cultura, nossa economia, nosso agrupamento, nossa família? Talvez em parte, mas sonho como na música mais utópica já escrita: "imagine there's no countries, isn't hard to do"; vale a pena reler a letra toda. Precisamos mesmo do Estado para manter nossa VIDA? Nossos governos representam sim o povo: nossa omissão, nosso desejo de obter vantagem fácil... representam nossas falhas e nossos mais cruéis e mesquinhos desejos. Porque são humanos; errar é humano e blábláblá... e se mantém onde estão, porque mudar dá trabalho. Para sedar nossos sentidos, criamos - não somos vítimas no processo - artefatos que nos confortam: Patriotismo e outras muitas coisas pelas quais nos apaixonamos e não nos decepcionam... afinal, não existem mesmo... Porque o Governo não é perfeito, mas a Pátria o é. O amor platônico é perfeito, as pessoas não. As pessoas erram, são imperfeitas, são previsíveis, são imprevisíveis, nos ferem, nos decepcionam...
Não houve alguém que dizem ter vindo e por ter dito coisas absurdas como amar o próximo, foi torturado e morto... acho que foi mais que um... Bem, até hoje evoluimos um pouco. Bem pouco desse estado medieval da alma humana. As pessoas são as "coisas" mais importantes. Deveriam ser! E não países, religiões, ideologias e tudo o mais que insistimos em colocar a frente disso. Então raios partam o Patriotismo, se não se quer mais fronteiras, porque mantemos os Estados sob o nome de um país, uma bandeira, hino e todo o circo? Dizemos NOSSO POVO e tratamos mal as pessoas desse povo?!
E se ao invés de "amar" a Pátria, respeitássemos o Planeta? Se ao invés de "defender" o Povo, amássemos ao próximo? Se ao invés de cobrar mais horas trabalhadas, cultivasse a eficiência? Ia ser muito mais difícil. Ainda somos muito imaturos nessa existência para nos orientar com bom senso em massa...
Sempre tive a idéia de que o mundo é esférico e moramos na superfície, para nos locomover melhor sobre ela. Que deveríamos nos conhecer melhor, saber onde vivemos, interagirmos com as outras vidas no planeta e o que faremos para manter uma boa existência, afinal as 3 perguntas fundamentais tem um objetivo de não serem respondidas e sim vividas: "Quem sou eu? Onde estou? Quem são vocês? Para onde vou?". E por que é que soam como piada???
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